segunda-feira, julho 20, 2009

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O GESTAR II por Anderson Goulart

É a dinâmica irrefreável da aula, em seu dialogismo e seu movimento, que torna a docência plena de vida e riqueza. Por mais bem elaborado que seja o plano de aula, por mais justo que esteja o conteúdo e seu encaixe no tempo, por mais adequados que sejam os recursos – sempre a aula acontecerá de maneira singular, em grande parte imprevisível, certas vezes abrindo caminho para falas e ideias impossíveis de serem pensadas anteriormente.
A interação e o dialogismo, ainda que estimulados e mediados pelos professores, muitas vezes encontram-se distantes do que seria um desenrolar “natural” do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, “natural”, em um colégio público onde prevalece a estrutura tradicional de ensino, é que o verdadeiro diálogo entre professor e alunos (diálogo voltado para a construção conjunta do conhecimento) não ocorra com facilidade. “Natural”, dessa forma, é que os alunos estejam mais predispostos à participação passiva, de acordo com os métodos de ensino mais centrados na figura incisiva do professor e nas avaliações impostas.
Ao iniciar o planejamento de minhas aulas, tento priorizar a leitura e a interpretação como elementos-chave à apresentação dos conteúdos da língua portuguesa. A intenção é a de propiciar aos alunos formas diversas de interação, desde a relação com o professor até o contato com a disciplina.
Aulas receptivas e dialogadas consistem, assim, meu objetivo. Sempre pensei em transmitir a mensagem do modo mais acessível à compreensão dos alunos, a fim de que eles fiquem à vontade para compartilhar suas impressões e questionamentos. Por meio de uma linguagem informal e próxima à realidade de muitos, busco conhecer um pouco das perspectivas que possuem no que diz respeito ao ensino da língua e dos conteúdos da disciplina.
Além disso, minha proposta objetiva tratar o funcionamento da gramática aplicada ao texto, de modo que diferentes “tipos”, ou “gêneros textuais” (não abordei, em sala, as distinções teórico-acadêmicas entre “tipo” e “gênero” textual), podem ser trazidos à turma, a fim de despertar a curiosidade dos alunos e envolvê-los em leituras acessíveis no cotidiano.
O curso GESTAR II contribui muito para que meu trabalho aconteça de forma ainda mais positiva, visto que a proposta apresentada pelo projeto dialoga o tempo todo com a formação que tive na Universidade: a centralidade dos conteúdos sempre voltada para o texto. Assim, tenho trabalhado com jornais, narrativas, propagandas, poemas e músicas. Medeio as discussões e busco despertar nos alunos algum interesse que vá além da obrigatoriedade de desempenho nas avaliações escolares. Para isso, tento instigá-los pelo possível prazer da leitura e conscientizá-los da importância de conhecer os processos e o funcionamento da língua, já que precisamos utilizá-la constantemente, seja em casa, com os amigos ou em situações mais convencionais, como no texto escrito.
Devo frisar que os tópicos gramaticais e de coesão e coerência textuais são trabalhados com base nas leituras discutidas e nas atividades de produção dos alunos. Tal método segue o intuito de não isolar a normatividade da língua de suas manifestações na linguagem – ora escrita, ora falada –, a fim de que os alunos possam criar consciência das exigências de adequação do português a diferentes contextos socioculturais.