quarta-feira, junho 10, 2009

Sequência Didática de Língua Portuguesa por Alexandra Espíndola

A professora Alexandra Espíndola, através da metodologia discutida no Programa de Formação Continuada GESTAR II, desenvolveu uma sequência didática para trabalhar o texto descritivo com os seus alunos na Escola Professora Antonieta Silveira de Souza.

Segue abaixo esta sequência para que os demais professores possam, quem sabe, aplicá-la também em sala de aula.

O texto descritivo

Série: 5ª

Número de aulas previstas: 04

Objetivo geral: iniciar o estudo da descrição.

Objetivos específicos:
estimular a sensibilidade poética;
reconstruir as imagens que compõem um texto;
produzir textos descritivos – orais e escritos;
mostrar que descrições são refabulações.

Disposição na sala: em círculo.

Material: papel e lápis de cor.


1º passo: O professor lançará estas perguntas para os estudantes, que responderão oralmente:

Diga o que vier à cabeça ao ouvir estas palavras: amor, tranquilidade, vida.

Essas palavras foram selecionadas por sugestão do que o poema “Cidadezinha qualquer”, de Carlos Drummond de Andrade, parece exprimir. Enquanto os alunos falam sobre essas palavras, o professor vai pedindo que eles dêem exemplos e façam descrições.

Exemplo: se um aluno relacionar amor à sua mãe, estimulá-lo a pensar numa situação, um momento em que a mãe está demonstrando esse sentimento e pedir que ele dê detalhes do que está imaginando.

2º passo: Entregar este poema de Carlos Drummond de Andrade aos alunos e pedir para que leiam, mas que não comentem o que sentiram do texto.

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

3º passo: Solicitar que expressem, por meio de desenho, o que entenderam, o que sentiram e o que viram naquelas cenas.

Logo que começarem, terão de entregar seu esboço para seu amigo do lado direito, pegar o do amigo do lado esquerdo e continuar o desenho que recebeu, assim como aquele que pegou o seu deverá fazer.

O professor pode estipular alguns minutos para cada troca de folhas.

4º passo: Quando cada qual estiver com o desenho que iniciou, deverá mostrar para a turma, dizer o que pretendia desenhar, descrever o resultado feito pelos amigos e apontar as diferenças das intenções.

5º passo: Agora, em sua folha, os alunos deverão descrever as cenas construídas no desenho. Eles poderão escolher pela produção em verso ou em prosa.

6º passo: Ao término, cada aluno lerá seu texto para a turma. Após cada leitura, o professor abre para a discussão, estimulando os alunos a comparar seus textos com o poema de Drummond.

7º passo: Para fazer uma análise crítico-comparativa entre textos do mesmo autor, o professor poderá levar outro poema de Drummond e, a partir deles, analisar as temáticas, o momento histórico e o contexto sócio-geográfico dos textos para iniciar um debate sobre a literatura e suas relações com a sociedade.

Sugestão:

Stop!
a vida parou
ou foi o automóvel?


Para levar a discussão mais adiante e trazer para os dias atuais, o professor pode levar a música de Lenine, intitulada Paciência.


Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço horaVou na valsa
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não...


Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempoPrá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida é tão rara
A vida não pára não...
A vida não pára!...
A vida é tão rara!...

Possibilidade 1: Com essa música, o professor pode, além de levantar discussões sobre a condição do homem no mundo moderno, retomar a descrição e entrecruzar com outros tipos de texto, narrativo e dissertativo (texto de opinião), por exemplo, relacionando temáticas.

Debate: Após esse estudo, um debate pode ser feito com a finalidade de comparar os textos lidos e produzidos, destacando as semelhanças e diferenças de descrição de uma forma de texto a outra, de um canal para um outro.

É interessante que os alunos, por fim, produzam um texto descritivo, podendo optar por verso ou prosa, literário ou jornalístico.

Com essa última produção, o professor terá material para analisar se os alunos assimilaram os gêneros e as possibilidades de fazer um texto descritivo.

Resultado: Após aplicar todo esse procedimento, pedi para que os alunos escrevessem um texto descritivo sobre o bairro onde moram. Percebi que eles se preocuparam mais em dar descrições das condições sociais e menos com a descrição físico-geográfica, o que julguei positivo, porque isso mostra que eles têm um olhar crítico do espaço onde moram.
Esse trabalho continuará com os seguintes passos:
cada aluno lerá seu texto para a turma. Como eles moram em bairros diferentes, o professor pode pedir que eles observem as diferenças e semelhanças entre os bairros;
montar um texto coletivo é importante antes do trabalho de reescritura individual, porque o professor pode chamar atenção para a construção dos períodos e alguns tópicos gramaticais;
reescritura individual.