quarta-feira, setembro 16, 2009

Sequência didática: Cantigas de Roda por Jussara Quadros e Denise Espíndola




JUSTIFICATIVA

Toda a criança gosta de brincadeira de roda. Essas cantigas pertencem à tradição oral, são passadas de geração a geração. O bom de trabalhar com elas na alfabetização é que as canções são facilmente memorizáveis. Assim, a criança participa de situações de leitura e escrita mais facilmente. Afinal, ela já sabe o que está escrito e pode prestar mais atenção à forma como se escreve. É possível que alguém ainda não plenamente alfabetizado, mas domine palavras, inícios de p
alavras e repetições, consiga “ler” a letra, acompanhando os versos com o dedo.
Ensinar às crianças a ler e escrever e se expressar de maneira competente na língua portuguesa.
Esse projeto visa proporcionar um gênero que permita às crianças sentido à leitura e escrita.
Ao estabelecer relações entre o escrito e o oral, os alunos avançam nas habilidades de leitura, escrita e interpretação do próprio texto.


PROBLEMATIZAÇÃO


Muitas vezes nos deparamos nas salas de aula com alguns alunos que não lêem e nem escrevem, outros conhecem as letras, mas não montam palavras nem frases em função das hipóteses que ainda estão desenvolvendo. Como problematização da sequência didática buscamos ajudar os alunos a estabelecerem relações entre o escrito e o oral para que avancem nas habilidades de leitura e escrita.

TEMPO ESTIMADO: 2 SEMANAS

MATERIAL NECESSÁRIO: Papel ofício,Cartolina,Câmera fotográfica,CDs,Som,lápis de cor.


DESENVOLVIMENTO


Seleção de um gênero textual ( cantiga de roda)

Trazer para sala um CD com algumas cantigas e estimular o aluno a cantar. Leve-os até o pátio ou na própria sala, brincar e representar as cantigas selecionadas.Pesquisa sobre o gênero textual selecionado (em casa com os pais e avós).

Pedir que registrem as cantigas pesquisadas no caderno.

Destacar as cantigas trazidas pelas crianças.

Retomar, com as crianças, as cantigas apresentadas pelos pais para que o aluno cada aluno fale da sua e até ensine-a (caso saiba cantá-la);

Valorização da escrita:

Colar todos os cartazes trazidos pelos alunos num cartaz, chamando atenção para a importância da escrita na preservação das cantigas.

Selecionar, com ajuda dos alunos, uma cantiga para trabalhar.


Paredes que educam: Fixar um cartaz na altura dos olhos das crianças com a cantiga. Onde está a Margarida?


Onde está a Margarida?

Olê, olê, olá!

Onde está a Margarida?

Olê, seus cavalheiros !

(Todos da roda cantam:)

Ela está em seu castelo

Olê, olê, olá!Ela está em seu castelo

Olê, seus cavalheiros! (A menina do lado de fora canta:)

Desejava falar com ela

Olê, olê, olá!

Desejava falar com ela

Olê, seus cavalheiros

(Todos da roda:)

Mas o muro é muito alto

Olê, olê, olá!

Mas o muro é muito alto

Olê, seus cavalheiros !

(A menina de fora tira alguém da roda e canta:)

Tirando uma pedra

Olê, olê, olá!

Tirando uma pedra

Olê, seus cavalheiros

(Todos da roda:)

Uma pedra não faz falta

Olê, olê, olá!

Uma pedra não faz falta

Olê, seus cavalheiros !

Tirando duas pedras

Olê, olê, olá!

(A menina de fora vai tirando um por um da roda e, a cada "pedra" retirada, as crianças da roda cantam: "...duas pedras não faz falta, três pedras...", até sair a última. Quando ficar só a Margarida, todos cantam:) Apareceu a Margarida
Olê, olê, olá!
Apareceu a Margarida

Olê, seus cavalheiros!


PROCEDIMENTOS

Seguindo a canção:

Cada dupla de alunos divide um caderno de leitura e acompanha a canção com o dedo. Quando a música pára, a professora passa em cada carteira para verificar quem está no lugar certo. Dá para trabalhar a correspondência entre o oral e o escrito até com crianças não alfabetizadas.

Ditado para a professora

A turma dita uma canção que a professora escreve no quadro-negro. Essa atividade serve para todos observarem a organização formal do texto e favorece a memorização da letra da música que será trabalhada depois. Os alunos poderão estabilizar a escrita de algumas palavras bem como repetições, título e grafia.

Compreensão da fundamentação e dos espaços em branco e da pontuação:
Ao transcrever o texto no quadro, além da leitura pausada e (articulada) das palavras , chame a atenção dos espaços em branco para a separação de cada palavra registrada e da função dos sinais de pontuação.
Reconhecer unidades fonológicas com sílabas, rimas, terminações de palavras...
Uma vez transcrita a cantiga no quadro (é importante que cada aluno tenha uma cópia também), desenvolva atividades de leitura e decodificação do texto, de partes do texto (frases), de palavras, de identificação de sílabas, de letras e fonemas.

Através das cantigas de roda, muito requisitadas nas horas das brincadeiras.
Trabalhar com as letras das cantigas.

Confeccionar um livrinho com as cantigas de rodas que os educandos irão trazer de casa.


AVALIAÇÃO CONTÍNUA


Como em todo projeto, a avaliação deve ser feita de forma contínua, não apenas no final das atividades. Cabe ao professor, no caso específico desse trabalho, levar em conta que a aprendizagem se dá em três vertentes distintas: as atividades relacionadas ao conteúdo proposto (pesquisa sobre cantigas de roda, transcrição das letras, elaboração conjunta do livreto e participação na apresentação das músicas), as ligadas á alfabetização (leitura acompanhada das músicas trabalhadas, confecção de cartazes, montagem de textos lacunados ou com letras, palavras ou frases móveis) e, finalmente, as que se relacionam às tarefas permanentes do alfabetizador, como leitura.

Embora, neste trabalho, a música seja usada muito mais como um veículo para acelerar a alfabetização e garantir seu sucesso, não se pode deixar de lado o prazer de cantar. É importante destacar esse ponto porque é comum ele ser desprezado – muitos professores, preocupados em enaltecer o valor da música para a nossa história e cultura, se esquecem da alegria que a canção em si proporciona as crianças.

Relato da seção "Avançando na Prática" sobre Lendas e Histórias -TP6 - GESTAR II por Cristiane Rodrigues

A sequência didática aplicada aos alunos sobre histórias e lendas da cidade Palhoça ou do estado de Santa Catarina, teve algumas modificações. Inicialmente, o trabalho seria realizado apenas com alunos da EJA, mas logo após também foi aplicado ao ensino regular da escola Morretes II, com alunos da 7° série, obviamente os resultados forma diferentes.
Primeiramente, a aplicação foi com alunos da EJA e não teve um resultado tão satisfatório como o esperado, pois os alunos mostraram certo desinteresse em trabalhar a escrita desta forma, tendo em vista que estão acostumados a receber temas “prontos” para uma possível produção textual. Então, como as aulas estavam se prolongando demais não fizemos a exposição em cartazes na escola até mesmo porque os mesmos não demonstraram vontade de fazê-lo. Apesar disso, saíram produções bastante interessantes, pois algumas ficaram bastante sintetizadas, o que demonstra que uma parte dos objetivos foi alcançada.
Posteriormente, a mesma sequência foi aplicada aos alunos do ensino regular com resultado totalmente diferente.
Os alunos produziram, elaboraram cartazes e apresentaram, para os colegas, histórias da região da Pinheira. O mais surpreendente foi que alunos ditos como “bagunceiros” e que não costumavam fazer nenhum tipo de trabalho participaram ativamente do processo de produção textual.

Relato da seção "Avançando na Prática" sobre Literatura para adolescentes TP6 - GESTAR II por Alexandra Espíndola

Essa sequência didática foi aberta com a discussão sobre o que os alunos gostam e o que não gostam de ler. Relataram somente o que gostam de ler. Lemos os textos propostos na sequência didática, levantamos vários debates sobre o mundo dos adolescentes, fizemos os exercícios. Depois disso, os alunos produziram uma memória literária. Nesta atividade, lembraram de detalhes de textos que mais gostaram de ler. Como o repertório deles é ainda pequeno, limitaram-se a expor somente os textos que leram este ano e alguns poucos das séries iniciais. Mesmo sendo um número pequeno de textos, na socialização das memórias, muitos alunos leram os mesmos textos e ajudaram a contar os pormenores das histórias e deram suas opiniões. Por fim, criaram uma narrativa em 3ª pessoa, falando sobre um personagem adolescente que não gostava de ler, mas que, em algum momento e em decorrência de um acontecimento, passou a se interessar pela leitura. Eles ainda apontaram como foi a vida adulta desse personagem com a gama de conhecimento que adquiriu com a leitura.

Essas atividades serviram para trabalhar a interpretação e a produção textual, bem como informaram-me quais assuntos os alunos preferem ler. A partir dessas informações, procurarei levar para eles textos que despertam seu interesse.