quarta-feira, agosto 03, 2011

Relatório de Atividades do Pró-Letramento: Alfabetização e Linguagem por Jair Pereira

Nos dias 17/05/2011 e 31/05/2011, das 18 horas às 22 horas, na Faculdade Municipal de Palhoça, aconteceram o 11º e o 12º encontro do Programa de Formação Continuada: Pró-Letramento Alfabetização e Linguagem, com os professores da rede municipal de ensino. O tema desses encontros é o domínio das relações fonêmico-grafêmicas. Na verdade, deu-se continuidade as discussões feitas no encontro anterior.
Os conteúdos debatidos foram os seguintes: relações fonêmico-grafêmica; grafemas (cujo valor não depende do contexto, cujo valor depende do contexto), o domínio das regularidades e irregularidades ortográficas.
No dia 17/05/2011, num primeiro momento, apresentamos aos cursistas o plano de trabalho, destacando que o objetivo desse encontro é o de continuar o reconhecimento as especificidades do sistema alfabético, destacando as relações fonêmico-grafêmicas, em especial as especificidades dos grafemas, que suscitou muitos questionamentos entre os cursistas. Uma vez que o entendimento de grafema, até esse momento, estava diretamente ligado ao conceito de letra, especialmente nos livros didáticos dos anos iniciais do ensino fundamental. Segundo os cursistas, a discussão que o livro didático propõe para relações fonêmico-grafêmicas é muito superficial. Assim, iniciamos a leitura e discussão da unidade II do fascículo 1: dominar as relações fonêmico-grafêmicas. Explicamos aos cursistas, de forma detalhada, as regras de correspondência entre fonemas e grafemas, organizando–os em dois grupos: o dos grafemas cujo valor não depende do contexto e daqueles cujo valor é dependente do contexto. Chamamos a atenção para o fato de que o trabalho sistemático dessas capacidades é fundamental nos momentos iniciais da alfabetização.
Em seguida, apresentamos o slide de número 6 que retoma a discussão anterior. Consideramos um momento importante a apresentação dos slides, pois mostrou de forma mais objetiva e prática, aos cursistas, as capacidades elencadas na Unidade II do Fascículo 1. Ressaltamos que essa apresentação suscinta serve apenas para que o cursista construa um entendimento do quanto é importante um aprofundamento teórico acerca das relações fonêmico-grafêmicas.
Por meio dos slides, os cursistas perceberam que muitas atividades direcionadas à apropriação do sistema alfabético podem ser desenvolvidas a partir de gêneros textuais, como o conto, o bilhete, a poesia. Os jogos também despertam maior interesse na criança e, sem dúvida, torna o ambiente alfabetizador mais alegre, dinâmico e interativo. Durante a apresentação, os cursistas observaram o quanto os jogos são fundamentais para o domínio das convenções ortográficas, por exemplo. Além disso, no processo inicial de alfabetização são extremamente eficazes, pois estimulam o raciocínio e a cooperação. Um dos cursistas salientou que por meio das discussões disseminadas a partir do Pró-Letramento, o grupo estava construindo um novo entendimento sobre o processo de alfabetização. Entendimento esse que não foi possível durante a formação inicial.
Ao final do décimo primeiro encontro, os cursistas compreenderam o quanto é fundamental o entendimento mais consistente acerca das especificidades que determinam a relação entre fonemas e grafemas. Constataram, mais uma vez, que a prática alfabetizadora perde seu direcionamento e o processo de ensino-aprendizagem fica prejudicado na ausência de conhecimento teórico. Outro curista ainda concluiu que o professor alfabetizador precisa adquirir essa consciência de estudo permanente. Não é mais possível alfabetizar com qualidade sem fundamentação teórica.
Dando prosseguimento às atividades, no dia 31/05/2011, solicitamos aos cursistas que retomassem a unidade II do fascículo 1 para que pudéssemos em grupo esclarecermos possíveis dúvidas remanescentes do encontro anterior. Chamamos a atenção, especialmente, para a relação entre fonema e grafema. Nesse encontro, direcionamos o trabalho para a resolução e a discussão das atividades.
Posteriormente, os cursistas, em duplas, responderam algumas questões propostas para esse encontro. Algumas atividades foram encaminhadas para ser realizadas durante a semana, pois não haveria tempo suficiente. Após responderem as primeiras atividades solicitadas, os cursistas, em dupla, apresentaram ao grande grupo as respostas. Foi um momento significativo, pois questionamentos foram feitos e conclusões foram tiradas. Na verdade, essa troca contribuiu para consolidar a discussão teórica do encontro anterior. Mais uma vez um dos cursistas ressaltou a importância da troca de experiências que os encontros do Pró-Letramento estão permitindo. Sem esses momentos, o professor não modifica a sua prática.
Após o intervalo, orientamos os cursistas que retomassem as atividades a distância e refletissem, pois muitas atividades estão diretamente ligadas à prática pedagógica do cursista. Insistimos que aproveitassem essas atividades para, quem sabe, redefinir a prática pedagógica alfabetizadora. Para finalizar esse encontro, combinamos com os cursistas que as atividades desenvolvidas deveriam ser entregues no encontro seguinte. Solicitamos, também, que organizassem uma breve apresentação para que todo o grupo tivesse acesso às atividades planejadas.

Abaixo fotos desses encontros:










Pró Letramento - Matemática - 18° encontro por Karina Z Jacomelli A

Avaliação da Aprendizagem em Matemática nos Anos Iniciais foi o assunto tratado no 18° encontro do curso pró-letramento. A discussão foi provocada por meio de quatro tarefas.

A primeira delas questionava os professores quanto à imagem que têm de seus alunos em momentos de aprendizagem e avaliação. Essa imagem se modifica ou permanece nesses dois diferentes momentos? As opiniões se divergiram. Acredito que essa divergência se deu pelas diferentes formas de avaliar praticadas nos anos iniciais do ensino fundamental da rede municipal: nota, conceito, atitudes, entre outras. Dentre todas as falas, destaco:

- A imagem modifica porque na aprendizagem os alunos são mais espontâneos;
- É preciso romper a barreira do que é avaliação para gente... È difícil ter o mesmo olhar... na aprendizagem é mais natural. O aluno muda na avaliação e, consequentemente, muda o olhar do professor;
- Penso que esses dois momentos andam juntos. Não deveríamos mudar. E mesmo que sejam separados a dinâmica das duas não deve mudar, a mediação tem que continuar. Por exemplo, há professores que em dia de provas não aceitam responder as dúvidas colocadas de seus alunos. Ficam todos quietos, cada um em seu canto.

Inevitavelmente, durante a discussão, outros itens sobre avaliação foram colocados: a não análise da avaliação do aluno como um reflexo do trabalho que faz o professor e, nas aulas de matemática principalmente, professores que querem a resposta igual a deles, não aceitando a diversidade de resoluções.


A segunda tarefa complementa a primeira: que leituras podemos fazer das imagens (abaixo) que faz um educador para representar suas concepções sobre questões educativas, neste caso, imagens referentes à avaliação.

Foi unânime a leitura de que o professor põe rótulos em seus alunos. Segundo os cursistas, além de errada essa atitude é perigosa. Há professores que culpam seus alunos por não querer estudar justificando de diferentes maneiras: ele é mal educado, é desorganizado, não quer fazer as atividades, etc. Mas quando que um aluno vai aprender a estudar? Quando um adulto o ensinar, quando alguém lhe mostrar que estudar é gostoso e faz bem.


A terceira tarefa rompe, em partes, essa discussão sobre a imagem que se faz dos alunos para dar lugar ao papel do erro nas avaliações. Os professores, ao observar a resolução feita por uma aluna, Maria de 8 anos, de uma situação-problema (abaixo), pensaram nas seguintes questões: Como você avalia a solução dada por Maria? Qual é a dificuldade apresentada por ela? Como você, professor ou professora, poderia intervir neste processo de aprendizagem? É pertinente, nesta situação, desconsiderar a evolução cognitiva da aluna, valorizando apenas o resultado final?



Todos que se colocaram não descontariam toda a questão desta aluna e concordaram que uma intervenção deva acontecer, principalmente, se este erro cometido foi pela falta de compreensão na operação de subtração. A primeira intervenção poderia se dá permitindo que a aluna explique o que fez, pois assim o professor saberia de fato o que falhou nesta resolução.

Foi de comum acordo que toda a resolução deva ser considerada, uma vez que o erro é uma questão fundamental no processo avaliativo e representa, entre outras manifestações do aluno, indícios do seu processo de construção de conhecimentos. Mas, um cursista destacou um fato importante: o professor deve, também, incentivar o acerto total das situações-problemas dadas, pois existem avaliações como a Prova Brasil onde questões quando “meia” errada é totalmente errada. Isso porque a resposta encontrada deve ser assinalada e apenas ela é considerada no momento da avaliação.


A última tarefa partiu da seguinte situação: Caroline, de 7 anos, aluna da 1ª série do Ensino Fundamental, resolveu da seguinte forma o exercício apresentado pela professora:


Ao corrigir o exercício, a professora fez o seguinte comentário: Caroline, quase que você tira 10, pena que errou a ilustração, pois não desenhou os peixes que Jeremias pescou. Caroline, imediatamente, responde: Mas, professora, os peixes estão dentro da caixa que está na mão do Jeremias.

Você, professor, já vivenciou alguma situação onde a intervenção do aluno interferiu na sua avaliação? Neste dia, três relatos foram dados:

- Um aluno, como tarefa, precisou pintar um prédio. Ele pintou todo de vermelho e a professora elogiou. Em seguida, o aluno pega um lápis cinza e pinta por cima do vermelho, mudando a cor do prédio. A professora quando viu, disse que não gostou e perguntou por que ele fez isso, já que o vermelho estava tão lindo. O aluno respondeu: professora, o prédio estava pegando fogo e agora está em cinzas.
- A mesma situação anterior, mas dessa vez a cor escolhida para pintar o prédio foi preta. O aluno justificou sua escolha dizendo que era noite.
- No enunciado de um problema duas informações são dadas para se calcular o troco de uma compra: gasto em função de uma compra, por exemplo, R$ 6,00, e o valor e quantidade de notas que alguém deu para pagar essa conta, por exemplo, 3 notas de R$ 5,00. Uma aluna relatou a professora que não havia entendido o problema. A professora, muito atenciosa, tentou por algum tempo ajudá-la até o momento que percebeu que sua aluna, na verdade, havia entendido sim. O que aconteceu é que ela não concordava com a situação: para que dar 3 notas de R$ 5,00 se apenas duas era suficiente?

Na sequência, com o objetivo de repensarmos a avaliação como uma ação compreensiva e mediadora da trajetória do aluno, falamos de portfólio. Os cursistas receberam o desafio de montar, cada um, o seu portfólio a partir de atividades levadas para sala de aula. Neste portfólio o professor poderá acompanhar o desenvolvimento de cada um de seus alunos de modo sistemático e contínuo, contribuindo, assim, para os momentos de avaliação.

Dessa forma, o encontro termina com esclarecimentos quanto à montagem deste portfólio que deverá ser socializado e entregue num encontro futuro.


Coragem professores! Temos muito trabalho pela frente, mas será um trabalho gratificante. Parabéns pela participação de todos vocês.