Nos dias 16/05 e 13/06 ocorreram os primeiros encontros dos professores de Geografia da rede municipal de Palhoça.Nestes encontros debateu-se o emprego dos gêneros textuais no processo de ensino e aprendizagem da Geografia, a importância, a boa escolha e o emprego do livro didático.
Geografia e os Gêneros Textuais
A tarefa do educador não seria precisamente a de ensinar a ler, mas criar condições
para o educando realizar a sua própria aprendizagem, conforme seus próprios
interesses, necessidades, fantasias, segundo as dúvidas e exigências que a
realidade lhe apresenta.
Quanto mais frequente a prática da leitura, mais o leitor
torna-se eficiente. Para que a leitura seja eficiente é necessário também que
proporcione ao aluno a ampliação de horizonte e a realização de novas
aprendizagens.
O professor pode demonstrar aos seus alunos que pode haver
interação entre texto e leitor. Não apenas como é usualmente relacionado o ato de ler apenas
com a escrita, e o leitor visto como decodificador da letra. Segundo Martins (2003, p.7) “bastará, porém apenas decifrar
palavras para acontecer à leitura? Como explicaríamos as expressões de uso
corrente “fazer leitura’’ de um gesto, de uma situação; (...), indicando que o
ato de ler vai além da escrita?”
A leitura ultrapassa a codificação de palavras e símbolos, é
sempre uma descoberta, busca de novos caminhos conforme o desejo do leitor
utilizando para isso seu conhecimento prévio de mundo.
Para que a leitura seja eficiente é necessário também que
proporcione ao aluno a ampliação de horizonte e a realização de novas
aprendizagens.
No ensino de geografia é procedimento que não requer muito
esforço, pois poderão ser utilizados diversos gêneros textuais tais como
tabelas, gráficos, figuras, mapas e textos para se atingir o resultado
esperado.
A geografia é um dos saberes mais antigos que existem. Ela
estuda a superfície da Terra, sua área física e política, além da relação da
sociedade com o meio.
Seu início coincide com o
advento dos primeiros mapas na Antiguidade.
No passado os mapas eram empregados para mostrar o caminho para
um lugar, localizar um objeto ou fenômeno numa determinada região, etc.
Nos dias atuais eles assumiram novas finalidades, além dessas
já citadas, sendo muito utilizada em escolas como forma de aprofundar o
conhecimento dos alunos sobre o espaço criado pelos seres humanos, identificar
aspectos importantes do modo de vida e da história da sociedade.
Saber identificar símbolos, entender a legenda entre outros
códigos existentes nos mapas é um fator decisivo para sua compreensão, para
isso faz-se uso de níveis de conhecimento.
De acordo com Kleiman (2007 p, 13.) “é mediante a interação de diversos
níveis de conhecimento como o conhecimento lingüístico, o textual, o
conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto”.
Os textos geográficos são, geralmente, expositivos e
descritivos, e os mapas fazem parte desse tipo textual onde mostram as áreas a
serem estudadas escrevendo com detalhes as suas características.
Afirma Kleiman (2007, p 20.) que “quanto mais conhecimento textual o leitor
tiver, quanto maior a sua exposição a todo tipo de texto mais fácil será sua
compreensão”.
Livro Didático
Breve Histórico
Na educação pública, segundo Freitag, Costa e
Motta (1989, p. 11), a história do livro didático no Brasil “não passa de uma
sequência de decretos, leis e medidas governamentais que se sucedem, a partir
de 1930, de forma aparentemente desordenada, e sem a correção ou a crítica de
outros setores da sociedade”. As políticas públicas voltadas para a divulgação
e distribuição de obras didáticas iniciam-se em 1938, a partir do decreto-lei
1.006.
Santos (2006, p. 57) destaca que a
partir de 1970, o Governo Federal adotou como política a distribuição de livros
didáticos, sendo “um negócio bastante lucrativo para as editoras, pois elas
recebem uma parcela do pagamento adiantada, produzem os livros e têm a compra
garantida pelo estado”.
Em 1996, o Governo Federal lançou o
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), de responsabilidade do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que visa à aquisição e
distribuição de livros de forma contínua para alunos do ensino fundamental
público. Em 2004, iniciou-se a distribuição de livros didáticos para o ensino
médio, gradativamente, para todas as áreas de conhecimento.
Importância
Apesar dos avanços tecnológicos e da
enorme variedade de materiais curriculares, atualmente disponíveis no mercado,
o livro didático, continua sendo o recurso mais utilizado no ensino escolar.
Atualmente, ele coexiste com diversos
outros instrumentos como quadros, mapas, enciclopédias, audiovisuais, softwares
didáticos, CD-ROM, Internet, dentre outros, mas ainda assim continua ocupando
um papel central (FREITAS & RODRIGUES, 2008).
Essa centralidade lhe confere estatuto
e funções privilegiadas na medida em que é através dele que o professor
organiza, desenvolve e avalia seu trabalho pedagógico de sala de aula. Para o
aluno, o livro é um dos elementos determinantes da sua relação com a disciplina
(CARNEIRO et al., 2005).
Martins (2006) diz que a indiscutível
importância do livro didático no cenário da educação, pode ser compreendida em
termos históricos, através da relação entre este material educativo e as
práticas constitutivas da escola e do ensino escolar.
Se na primeira metade do século passado
os conteúdos escolares assim como as metodologias de ensino vinham com o
professor, nas décadas seguintes, com a democratização do ensino e com as
realidades que ela produziu, os conteúdos escolares, assim como os princípios
metodológicos, passaram a ser veiculados pelos livros didáticos (ROMANATTO,
2004).
Em pesquisa mencionada por Neto e Fracalanza (2003),
as opiniões dos professores a cerca dos livros didáticos podem ser congregadas
em três grupos, existem professores que:
- o usam como fonte bibliográfica, tanto para complementar seus próprios conhecimentos quanto para a aprendizagem dos alunos;
- o utilizam como apoio às atividades de ensino-aprendizagem, visando especialmente a leitura de textos, a realização de exercícios e outras atividades ou como fonte de imagens,
- e aqueles que preferem usar simultaneamente várias coleções didáticas, de editoras ou autores distintos, para elaborar o planejamento anual de suas aulas.
Lajolo (1996) diz que ele é um
instrumento específico e importantíssimo de ensino e de aprendizagem formal e
que muito embora não seja o único material de que professores e alunos vão
valer-se na escola, o livro didático pode ser decisivo para a qualidade do
aprendizado resultante das atividades escolares.
Em contrapartida, Silva (1996), é
bastante enfático quando diz que para uma boa parcela dos professores
brasileiros, o livro didático se apresenta como uma insubstituível muleta e que
as determinações que levam o professor à dependência do livro didático estão
diretamente relacionadas à questão da identidade e dignidade do magistério.
Esse autor complementa dizendo que “é loucura do professor errático querer
sempre, insistentemente, fazer aula só com didático.”
Concordando com Lajolo (1996), não
podemos negar a grande influência que o livro didático tem na educação, desde
sua criação e, mesmo atualmente, a despeito das inúmeras tecnologias lançadas a
cada dia.
Ao mesmo tempo, Silva (1996) é bem
coerente em seu discurso. Muitos professores realmente se baseiam integralmente
nos livros didáticos acreditando que tais informações contidas nele são
inteiramente confiáves, que não
apresentam erros.
Amaral e Neto (1997) dizem que muitas
noções equivocadas presentes nos livros didáticos, e no processo metodológico
de sua utilização, são extremamente difíceis de modificar. Acrescentam ainda
que:
Elas [noções equivocadas] se incorporam
ao substrato do aluno e, a cada ano de escolaridade, a cada livro didático
estudado, vão sendo reforçadas mais e mais tais noções e sendo enraizadas por
tais decorrentes. (AMARAL & NETO, 1997)