terça-feira, junho 09, 2009

Palestra de CELSO VASCONCELLOS – O que é necessário para que o aluno aprenda?

A Editora IBEP ofereceu no dia 08/06/09, uma palestra com Celso Vasconcellos cujo tema foi: “O que é necessário para que o aluno aprenda? – Fundamentos da Aprendizagem Humana”.

Segundo Celso, a escola por meio do ensino, tem a nobre tarefa de contribuir na humanização do ser humano. Essa humanização depende do convívio com outros seres humanos e possui desafios. Entre outros, o autor falou do desafio referente à aprendizagem básica que acontece em três momentos:

1) Sou (tenho valor): um professor precisa ter uma identidade, ele deve, antes de tudo, reconhecer-se para depois enfrentar os “moinhos da escola”;
2) Ainda não sou (tenho necessidade de crescer pessoal e profissionalmente): é muito rico um professor reconhecer isso. Essa aprendizagem pode se dar por meio de autoavaliações;
3) Posso vir a ser mais (tenho capacidades): posso superar meus limites.

Em outras palavras, o professor precisa reconhecer o seu valor, a sua importância na vida do aluno, a possibilidade e necessidade de crescer pessoal e profissionalmente, acrescentando mais conhecimento e tendo a sensibilidade de perceber que pode melhorar a sua pratica se estiver aberto ao aprendizado.

Um outro momento muito interessante começa com a apresentação das três fotos:

A mamãe pata ao atravessar a rua passa por um bueiro e perde a maioria dos seus filhotes. Não foi porque ela quis e, se pudesse raciocinar, poderia evitar a perda de seus filhotes desviando desse bueiro. Na escola não é diferente. Mesmo não querendo, não sendo intencional, muitas vezes perdemos nossos alunos no meio do caminho. A reprovação é um dos fatos que demonstra isso. Mas não basta não querer, é preciso que a escola esteja mais bem preparada para podermos desviar dos nossos bueiros. Nós, professores, somos essenciais para essa preparação.

A palestra segue com “o lugar da teoria na docência”. Muitos professores se perguntam: É preciso estudar teoria? Sim! Um professor que se nega a estudar teoria, na realidade não quer estudar outra teoria, pois já tem uma. Segundo Celso Vasconcellos, por detrás de toda prática pedagógica sempre há uma teoria e a sua relação com a prática não é simples. Mas, se tivermos consciência da teoria que está por trás da nossa prática, isso pode fazer toda a diferença.

Celso Vasconsellos também fez relação á qualidade da escola está diretamente ligada á qualidade do professor, ou seja, sua formação. Neste momento podemos nos reportar a duas discussões: a qualidade da universidade que forma este professor e a busca pelo aperfeiçoamento durante o exercício da docência. Essa busca deveria ser constante, mas muitos professores adormecem após a graduação, acomodam-se, no máximo fazem uma especialização, para que se efetive um aumento de salário.

Podemos questionar, também, a qualidade dessas especializações, pois mesmo com este título o resultado das avaliações feitas pelo MEC no Ensino Fundamental é assustador, os alunos não têm os conhecimentos mínimos em leitura e escrita.

Com a eminente discussão do Plano Nacional de Educação estamos em um momento importante da nossa educação com uma oportunidade única para discutirmos o que queremos para nós profissionais e para nossas escolas. Neste momento podemos por em cheque a qualidade dos cursos de graduação e pós-graduação das universidades, a facilidade em se abrir uma Instituição de Ensino Superior, sem uma efetiva fiscalização destas. Não podemos deixar esta oportunidade passar, cabe a nós educadores efetivarmos este Plano, por meio de discussões nas escolas elaborando documentos para serem discutidos nas Conferências que estão por vir.

Chegamos ao momento mais importante do dia, diz o autor. O momento onde uma pergunta é posta para todos pensarem:

“Do ponto de vista do aluno, quantas e quais são as exigências essenciais para que se dê sua aprendizagem?”

Antes de respondermos, foi discutido o que exatamente a pergunta pede. Foi difícil o professor deixar de pensar em sua prática, na escola e pensasse como aluno. Para ajudar, o autor ofereceu três perguntas:

1) A exigência é relativa ao aluno ou apenas à participação do professor?
2) A exigência é essencial ou contingente?
3) Essas são todas as exigências?

Uma discussão feita por Celso Vasconcellos com nossas respostas nos ajudou a entendermos melhor. Ele orienta que essa pergunta se faça presente em nossa vida profissional constantemente e apresenta a sua resposta atual (esta resposta pode mudar a cada vez que nos façamos à pergunta):

1ª exigência essencial: Capacidade sensorial e motora + operar mentalmente. É importante esclarecer que nenhuma dessas exigências precisa ser ao extremo.
2ª exigência: Conhecimento prévio;
3ª exigência: Acesso ao objeto (informação nova);
4ª exigência essencial: Querer;
5ª exigência: Agir;
6ª exigência: Expressar-se. É preciso tomar certos cuidados ao se trabalhar somente com provas, pois esta pode impedir que o aluno se expresse. Isso porque, nesse momento, o aluno procura dar a resposta que o professor quer ouvir.

Deixamos nosso agradecimento a Celso Vasconcellos pela maravilhosa palestra, pela simpatia e atenção que foi nos dado. O encontro, com certeza, acrescentou positivamente em nossa profissão.