quarta-feira, dezembro 07, 2011

Squência Didática - Kátia Aparecida Antória Ribeiro e Márcia Helena Reffatti

CENTRO DE ATENÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE Professor Febrônio Tancredo de Oliveira

Professoras: Kátia Aparecida Antória Ribeiro e Márcia Helena Reffatti

Áreas: Geografia e Língua Portuguesa

Temática: Cordéis nordestinos

Introdução
Após a definição da estratégia de trabalho passamos à escolha do tema, optamos pelo trabalho com cordéis nordestinos, ao observarmos os gêneros literários, percebemos que esses são sugeridos pelos PCN para a prática de escuta e leitura e para a de produção de textos orais e escritos. Estes são gêneros privilegiados para a abordagem de textos de diferentes registros, como também de diferentes dialetos sociais e regionais. O estudante precisa conhecer as variedades da língua, para se conscientizar de que a variação é constitutiva de qualquer língua natural. Além disso, respeitar o modo de falar do outro, as diferenças lingüísticas, é um dos caminhos para aceitar a pluralidade cultural e étnica que caracteriza o brasileiro. Neste sentido o trabalho com este tipo de gênero literário ajuda o estudante a se tornar um leitor competente, pois possibilita que estabeleça relações entre textos ou do texto lido com o seu conhecimento de mundo, ou extrapolar o que lê para outras situações. O trabalho interdisciplinar com a área de Geografia possibilita ao estudante relacionar os conceitos trabalhados na série Manifestações culturais da Região Nordeste no caso do Cordel aos demais conceitos como: Polígono das Secas, Migração, flagelados da seca, Indústria da seca, Cisternas como soluções á seca, Região em expansão etc. A apreciação a obras de Patativa de Assaré entre outros cordelistas, exemplos de cordéis e xilografistas, possibilitará o contato com o universo poético desse gênero que expressa à riqueza cultural do sertanejo nordestino. Uma das características mais marcantes do cordel é a xilogravura que ilustra a capa dos folhetos, a técnica é rústica: passa-se tinta sobre uma figura entalhada e pressiona-se essa matriz sobre o papel, como se fosse um carimbo,como a ilustração sintetiza a história contada pelo cordelista, é um elemento importante a ser explorado. O pernambucano J. Borges, considerado o mais importante xilógrafo do Brasil, já teve seu trabalho exposto até no Museu do Louvre, em Paris. O que faz da poesia de cordel um instrumento capaz de estimular o hábito da leitura são características que costumam encantar as crianças, entre elas a musicalidade das rimas, a temática, que geralmente remete à cultura nordestina, e as metáforas, que abrem caminho para boas discussões. Para dar o devido destaque ao ritmo e à musicalidade proporcionados pelas rimas, os professores treinarão e a entonação, lembrando-se sempre de que é recitando de modo expressivo que os cordelistas atraem compradores para os seus folhetos. Informando sobre a história e a estrutura poética, os alunos terão referências da relação entre o texto e a oralidade típica do gênero. A utilização da língua propõe a compreensão de textos orais produzidos por seus pares e oportuniza ao estudante o acesso a materiais produzidos em diferentes linguagens e para variadas mídias. A partir da observação de um poema de cordel possibilitará conscientizar-se dos recursos utilizados pelo texto literário, justificamos nosso trabalho com esta citação:

“[...] uma opção de ensino que preocupa em preparar o aluno para a vida possibilitando-lhe o desenvolvimento da competência comunicativa o que, em última instância, dar-lhes os meios para agir pela linguagem dentro da sociedade [...]” (Travaglia 1996)

Ano: 6ª séries Turno: Matutino e Vespertino Turma: 61,62 e 63

Conteúdo: Cordéis Nordestinos

Objetivos:
Ampliar o conhecimento sobre literatura de cordel;

Apreciar o poema de cordel;
Verificar a versificação e o conteúdo de um poema de cordel;

Estimular a leitura de outros poemas de cordel;
Despreender as peculiaridades do texto em verso e do texto em prosa;
Relacionar os conceitos trabalhados na área de geografia.

Tempo estimado: Cinco aulas.

Material necessário:
Cópias de cordéis nordestinos, folhas ofício A 4, réguas, lápis de cor e /ou cera, folha almaço ou caderno (guia), cordões, livros e revistas com cordéis

Estratégias metodológicas:
1ª ETAPA:
Conversa com a turma sobre as diferenciações dos brasileiros que se expressam nas regiões brasileiras, pois, estamos trabalhando a Região Nordeste entre as manifestações culturais se destacam os cordéis. Compartilhamos com os estudantes as informações reunidas sobre a literatura de cordel, além de um exemplar original para mostrá-lo à sala, deixando que as crianças explorem a ilustração da capa. Explicaremos que muitas obras de cordel estão disponíveis na internet, em seguida, em voz alta as professoras fazem a leitura da primeira parte de um cordel, mas que, no decorrer da atividade, todos poderão desempenhar esse papel.

2ª ETAPA: Conversa com a turma sobre a literatura de cordel: sua origem, o porquê do nome, seu desenvolvimento no Brasil, o preconceito que pesou sobre o gênero no passado, sua valorização nos dias de hoje etc. Apresentação de cordéis, de livros com cordéis, breve histórico dos cordéis, utilização de temas, versos, técnicas, xilografia como ilustração e poetas cordelistas como Patativa de Assaré entre outros. Cada estudante após a explicação da métrica escuta e observação dos exemplos receberá uma folha ofício A 4 que após fazer uma dobradura, ao meio ou em quatro partes utilizarão para confecção do cordel. Poderão utilizar uma folha guia para escrever o poema que deve ser escrito com letras de imprensa (caixa alta ou forma) utilizando frente e verso da folha.

3ª ETAPA: A elaboração do cordel deverá ser em dupla ou individual, ao concluir deverão ilustrar, podendo realizar o desenho ao longo do texto, ou somente na capa devendo ser em preto e branco.Estão livres para fazer uma xilogravura com bandejas de isopor,o desenho deve estar ligado à temática podendo ser colorido o que não é recomendado pelos cordelistas pois descaracteriza esse gênero literário. Uma das características mais marcantes do cordel é a xilogravura que ilustra a capa dos folhetos. A técnica é rústica: passa-se tinta sobre uma figura entalhada e pressiona-se essa matriz sobre o papel, como se fosse um carimbo. Como a ilustração sintetiza a história contada pelo cordelista, esse é mais um elemento que pode ser explorado em sala de aula. O pernambucano J. Borges, considerado o mais importante xilógrafo do Brasil, já teve seu trabalho exposto até no Museu do Louvre, em Paris.

4ª ETAPA: A observação e cuidado com a métrica e correção ocorrerá concomitantemente à elaboração do cordel e a compreensão de conceitos trabalhados na área de geografia .Os cordéis serão expostos no hall de entrada do CAIC junto com os cartões postais que produziram com colagem e síntese de apreensão de conceitos da geografia.
Avaliação: Será avaliada a produção escrita, pois segundo os PCN a escola deve priorizar os textos que “caracterizam os usos públicos da linguagem”, ou seja, aqueles em que os interlocutores são desconhecidos ou mantêm entre si certo distanciamento, privilegiando-se a modalidade escrita da língua. Verificaremos se os alunos conseguiram interpretar adequadamente o cordel e analisaremos o compromisso deles com a preparação da leitura.

Relatório:
O trabalho com cordéis surgiu das sugestões do livro texto e a possibilidade de trabalho com gêneros literários com professores da área de Língua Portuguesa, no entanto as estratégias e formas de socialização destas lendas foram sendo alteradas, pois inicialmente realizavam cartazes e/ou murais, no entanto as produções eram geralmente excelentes e a grande dificuldade era o arquivamento. No ano anterior passamos para os livros das turmas, fato que foi bem aceito e aprimorado como a exigência da letra de forma, a ausência de legenda e a inclusão do nome logo após o título como co-autores. Nossa meta era organizarmos um texto introdutório, pela atribulação do dia a dia ficou para os próximos, além de um sumário com os títulos e ilustradores/autores das sínteses. Propomos também as rodas de leitura, no entanto apesar de informalmente ocorrerem à troca de mitos entre si e a contação de algumas, não consolidamos essa proposta. Apesar de ser uma estratégia utilizada com frequência há dificuldade de propostas interdisciplinares com demais áreas do conhecimento, conseguimos a parceria com a professora de Ensino Religioso. Trocamos os textos dos mitos e lendas, a cosmogonia dos povos indígenas, as influências à cultura brasileira dos afro-descendentes e indígenas, questionando os valores morais atribuídos no imaginário do povo. Buscando sempre evidenciarmos as contribuições na formação do povo brasileiro perpassando pela história de dominação colonial, questionando os preconceitos e os estereótipos tão presentes no ambiente escolar. Outro fato relevante de registrar é a ausência de cópias das lendas para os estudantes, temos que retirar aos poucos, pois fica dispendioso ao docente, poderíamos também aprofundar os assuntos com textos jornalísticos e/ou de revistas. Cada estudante deve pagar a cópia das provas e recuperações, apesar da inadimplência ser frequente é um gasto agregado ao orçamento docente à possibilidade de estratégias diversificadas como as relatas nesta sequência didática.