quarta-feira, junho 15, 2011

Pró Letramento - Matemática - 14º e 15° encontros por Karina Z Jacomelli A

Grandezas e Medidas foi o tema do 14° e 15° encontros do curso pró-letramento em matemática. A leitura de textos e projetos (em anexo), oferecidos pelo material do MEC, possibilitou uma rica discussão acerca do tema proposto.

Texto “Grandezas e medidas no ensino fundamental”

O conteúdo referente a grandezas e medidas está vinculado ao cotidiano do aluno e é de total relevância no mundo em que vivemos. São inúmeras as situações nas quais a necessidade de medir se faz presente: tecido na loja, temperatura de uma criança, pesagem de legumes em um supermercado, pressão arterial, horas extra trabalhadas, juros na prestação atrasada, etc.

Para os professores, essas situações são tão naturais que, ao trabalhar com seus alunos, acabam passando despercebidas. Até mesmo porque, tem-se a impressão de que trabalhar medidas é sinônimo de mobilizar instrumentos com medições convencionais como a fita métrica e a trena, ou não convencionais como o passo e o palmo. Situações problemas partindo da prática adquirida na convivência social da criança deixam de ser contempladas, principalmente, quando estas não tratam de medida de comprimento.


Durante a discussão, uma professora falou da capa do livro de seus alunos:


Podemos ver um instrumento de medida de tempo não mais utilizado: a ampulheta. Essa observação ressaltou o fato de que a forma como medimos hoje não é a mesma de tempos atrás. Ao longo da história, foram realizadas mudanças na tentativa de chegar cada vez mais em um sistema de medidas que não trouxesse conflitos entre os povos, por conta da exatidão de instrumentos de medição.


Interessante observarmos que, nos dia de hoje, ainda há pessoas que verificam o tempo (hora) olhando a posição do sol, em vez de olhar um relógio. E pessoas, como a mãe de um dos professores, que medem a área da cozinha utilizando passos.

Outro ponto do texto que mereceu destaque refere-se ao obstáculo epistemológico[1], uma vez que trabalhar grandezas e medidas é permitir a criação de um novo campo numérico: os números racionais.

Nesse novo campo numérico é normal a criança raciocinar da mesma forma que no conjunto dos números naturais, criando diversos obstáculos. Dentre eles:

- Comparação entre frações: acostumados com a relação 3 > 2, terão que construir uma escrita que lhes parece contraditória, ou seja, ½ > 1/3;
- Comparação entre decimais: se o tamanho da escrita numérica era um bom indicador da ordem de grandeza, no caso dos números naturais (8345 > 41), a comparação entre 2,3 e 2,125 já não obedece ao mesmo critério;
- Multiplicação com frações: se ao multiplicar um número natural por outro natural (sendo este diferente de 0 ou 1) a expectativa era a de encontrar um número maior que ambos, ao multiplicar 10 por 1/2 se surpreenderão ao ver que o resultado é menor do que 10;

Com isso, para o trabalho com os significados e com as representações dos números racionais, é de extrema importância dar tempo à criança para que ela possa romper conhecimentos anteriores construídos no trabalho com os números naturais.

Projeto A “Nossa Alimentação”

O projeto “Nossa Alimentação” foi elaborado para os três primeiros anos do ensino fundamental e propõe três diferentes atividades, ligadas entre si:

1. Vamos construir um canteiro de horta? – Nessa atividade, um dos objetivos está direcionado para o conceito de medida de comprimento.
2. Fazendo a feira – Um dos objetivos dessa atividade é resolver situações problemas utilizando o sistema monetário.
3. Vamos fazer “gelinho”? – Dentre os objetivos tem-se o trabalho com a medida de temperatura.

Juntamente com a apresentação do projeto, experiências vividas em sala de aula foram relatadas. Um professor contou como se deu a construção de uma horta em sua escola e, outra professora, como se deu a construção de uma horta comunitária pela escola.

Projeto B “O Lixo”

O projeto “O Lixo” foi elaborado para os dois últimos anos do ensino fundamental e, também, propõe três diferentes atividades, ligadas entre si:

1. A problemática do lixo – Um dos objetivos dessa atividade é trabalhar medidas de massa.
2. O tempo de decomposição do lixo – Como objetivo tem-se o desenvolvimento referente a medida de tempo.
3. A reutilização de materiais – Nessa atividade objetiva-se o trabalho com medida de capacidade.

Assim como no projeto A, os professores relataram experiências vividas em sala de aula referente ao tema lixo.

Terminamos o encontro com assuntos administrativos, e com esclarecimentos quanto às tarefas individuais a ser realizada a distância. Uma delas solicita que o professor escolha uma atividade a fim de aplicá-la para sala de aula. Após essa aplicação, que elabore um relato contendo o registre fatos relevantes, resultados, avaliação, aspectos positivos e negativos, propostas de alterações, sugestões de ampliação da atividade, etc. Se possível, o professor pode fotografar alguns momentos significativos deste trabalho com seus alunos.

[1] A noção de obstáculo epistemológico foi descrita inicialmente pelo filósofo francês Gaston Bachelard. Ele observou que a evolução de um conhecimento pré‐científico para um nível de reconhecimento científico passa, quase sempre, pela rejeição de conhecimentos anteriores e se defronta com um certo número de obstáculos. Assim, esses obstáculos não se constituem na falta de conhecimento, mas, pelo contrário, são conhecimentos antigos, cristalizados pelo tempo, que resistem à instalação de novas concepções que ameaçam a estabilidade intelectual de que detém esse conhecimento.

Para mais informações, acesse os links anexados nesta postagem.



Anexos:

1) Obstáculo epistemológico - people.ufpr.br/~trovon/cursos/especializacao2009/obstaculos.pdf acessado no dia 15/06/2011
2) Texto e projetos do fascículo 5 - http://www.megaupload.com/?d=R59D79J0
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