quarta-feira, abril 06, 2011

Oficina de Língua Portuguesa - Morretes II - por Jair J Pereira

No dia 05/04/2011, aconteceu, na Escola Básica Municipal Morretes II, a Oficina de Língua Portuguesa: Produzir, revisar e avaliar textos: ações simultâneas possíveis ministrada pelo professor Jair Joaquim Pereira. Reuniram-se, nesse encontro, os professores das séries iniciais das seguintes escolas: Reunida Albardão, Isolada Sertão do Campo, Reunida Olga Cerino, Reunida Maria Luzia de Souza, Maria dos Santos Silva, Isolada Três Barras e Isolada de Rincão. Além dos professores estavam presentes diretores e especialistas que oferecem suporte pedagógico às escolas.
Os temas debatidos durante a oficina, foram: o texto como processo; o texto como unidade de ensino; particularidades do texto; o espaço do texto na escola; definição de texto; gêneros textuais; planejamento das atividades de escrita; a revisão textual; avaliação diagnóstica do texto; princípios básicos da correção de texto; roteiro de avaliação; sugestão para o trabalho de revisão textual.
O objetivo principal dessa oficina: repensar o ensino da produção, revisão e correção textual, partir da concepção de gênero textual. Num primeiro momento, mostramos que produzir textos é um processo que envolve diferentes etapas: planejar, escrever, revisar e re-escrever. Dissemos também que desde o início da alfabetização, o trabalho com texto é fundamental, para que o aluno, aos poucos, possa, por ele mesmo, construir o conceito de texto. Além disso, para que o professor consiga desenvolver um trabalho consistente na produção textual faz-se necessário que ele conheça alguns fatores relevantes: um texto não se define por sua extensão; um texto não é um amontoado de palavras, por isso exige organização; o texto é uma unidade aberta e, por isso, matém relações com outros textos.
Em seguida, enfatizamos que a prática escolar tem cristalizado a concepção de texto como produto mecânico, destituído de qualquer valor interacional, sem autoria e recepção. Mostramos aos professores que os alunos exercitam uma forma de escrita que raramente tem influência de outros textos ou tema arecepçaõ de outros leitores que não seja a própria figura do professor.
Aos poucos construimos com os professores a seguinte ideia: quanto o maior contato com a linguagem, na diversidade textual, mais possibilidades o aluno terá de ampliar o seu entendimento acerca de sua realiadade. A língua, portanto, não pode ser concebida fora de seu contexto social. É perfeitamente possível aprender uma língua sem conhecer os termos técnicos com os quais ela é analisada. Insistimos com os professores que as aulas pautadas somente na gramática tradicional desconsideram a constituição interativa da linguagem.
A fim de exemplificar o conceito de texto, trabalhamos o texto: Circuito Fechado. Selecionamos esse texto para mostrar que é possível produzir textos fora dos padrões estabelecidos pela escola. Aqui provocamos o grupo: Você considera que em "Circuito Fechado" há apenas uma série de palavras soltas? Ou se trata de um texto? Por quê? Essas questões suscitaram uma importante discussão no grupo. Muitos professores não conseguiram pereber que "Circuito Fechado" é uma crônica escrita apenas com substantivos que mostra um dia normal na vida de um homem. Aproveitamos esse momento de interação e apresentamos outros gêneros textuais que devem ser contemplados pela escola: a biografia, a receita e o anúncio publicitário. Procuramos fazer com o professor entendesse que toda nossa comunicação se dá por textos. E todo texto, por sua vez, se realiza dentro de um gênero.
Posteriormente, abordamos o planejamento de atividades de escrita. Para organizar esse planejamento apresentamos aos professores uma proposta básica, dos estudiosos John Harris e Jeff Wilkinson, que trata da hierarquização das dimensões dos gêneros, dependendo da situação sociocomunicativa. Compõem essa proposta: consciência de audiência, relevância de conteúdo, sequência da informação, nível de formalidade, função da comunicação, convenção (formato do documento).
Após debatermos os aspectos referentes ao planejamento da escrita, iniciamos a discussão acerca da revisão de textos. Registramos que a revisão textual é desencadeada após a escrita do primeiro rascunho, da primeira versão do texto. Além disso, os parâmetros de revisão podem variar de acordo com as competências e habilidades que estejam sendo trabalhadas. Revisar um texto implica tomar decisões sobre a audiência, os gêneros textuais e as restrições e características relacionadas ao suporte.
Ao longo da apresentação os professores perceberam que a“correção” de textos não pode se limitar à localização de erros isolados, mas precisa considerar os objetivos do texto produzido, bem como o gênero discursivo utilizado. Alertamos para o fato de que é preciso ver o texto do aluno como uma fase do processo de produção, nunca como produto final. Dessa forma, a avaliação assume, desta forma, um caráter de reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem, e não mais de mero momento de verificação de dados não apropriados.
Os professores observaram que graças à função diagnóstica, podemos verificar quais as reais causas que impedem a aprendizagem do aluno. Assim, o aluno se sente estimulado a trabalhar de forma produtiva quando percebe que há uma finalidade na proposta do professor, que seus resultados estão sendo valorizados e que seus progressos e dificuldades são vistos a partir de seu próprio padrão de desempenho, necessidades e possibilidades. O erro é uma oportunidade para que se dê o processo ensino-aprendizagem.
Ainda sobre o tema correção destacamos que uma boa correção começa numa proposta de redação bem elaborada e para tanto é necessário que o professor estabeleça critérios previamente.
Como modelo, apresentamos aos professores uma ficha de auto-avaliação ou de avaliação em grupo. Porém, registramos que essa ficha não está pronta, ela pode ser modificada, alterada, simplificada, de acordo com a vontade dos alunos ou do professor. Esta ficha é composta pelos seguintes aspectos: legibilidade da letra, paragrafação, margens regulares, travessão, ausência de rasuras, repetição de palavras.
Como Sugestão de trabalho com textos em classes de alfabetização, apresentamos o trabalho da professora ANA PAULA DE BONA, da Rede Municipal de Lages. O trabalho de produção e revisão aqui contempla textos de alunos do 2° ano. O gênero escolhido foi a FÁBULA.
Por fim, solicitamos aos professores que elaborassem uma sequência didática contemplando especificamente os processos de produção, revisão e correção de textos, por meio dos gêneros textuais. Esta atividade será aplicada em sala de aula no mês de agosto e será acompanhada pelo Setor de Capacitação Profissional da Secretaria Municipal de Educação.