A leitura ainda é algo distante do universo de muitos dos nossos alunos. “Não tenho saco”, “é um verdadeiro tédio”, são algumas das expressões que nós, professores, ouvimos de nossos alunos no decorrer do ano. Uma de nossas grandes responsabilidades, dentre as tantas que possuímos no meio escolar, se encontra no momento em que vamos selecionar os textos para esses sujeitos, textos que só são “lidos”, compreendidos, quando situados nos contextos reais dos indivíduos, quando partem da realidade cultural prevalecente no dia-a-dia dos alunos.
Pela dificuldade que apresentam em construir argumentos para sustentar suas ideias, trabalhei com o texto publicitário, gênero de grande circulação nos meios populares. O texto apresentava com destaque a seguinte frase “Nada de futuro, eu quero ver o meu presente”, propaganda veiculada pela aero shopping e que gerou grandes discussões no grupo.
A reflexão partiu da ambigüidade apresentada pelo termo “presente” no enunciado já apresentado. Os alunos relacionaram o sentido expresso pela palavra com a imagem de uma menina, caracterizada de cartomante pela roupa que vestia, pela posição das mãos e baralho que aparecia mais ao lado. A discussão foi bastante produtiva e obteve contribuições e leituras diversas.
Estimulei a leitura de cada detalhe do texto, como o objetivo da aero shopping ao apresentar tal anúncio aos clientes. Discutimos, nesse momento, o outro sentido da palavra presente, ligado ao grande objetivo da propaganda, o de convencer o público a consumir. Um deles me perguntou
“Qual então foi a intenção da aero shopping em colocar a menina vestida de cartomante?” O debate continuou após essa colocação. Muitos apontaram para o fato de que a publicidade encontra no texto visual os argumentos para aguçar a curiosidade do leitor. A aula foi um momento de grandes trocas e oportunidade para mediar a interação entre as leituras dos alunos.
